Gianni Infantino, presidente da FIFA, tem reforçado junto ao governo dos Estados Unidos a necessidade de garantir o bom funcionamento de ambos os torneios, que possuem em conjunto uma projeção de receita de US$ 13 bilhões para o período de 2023 a 2026.
Confira a tabela da Copa do Mundo de Clubes da FIFA no Flashscore
E o dirigente tem recebido garantias de que todas as solicitações serão atendidas, inclusive com as embaixadas dos Estados Unidos trabalhando em larga escala para atender às solicitações de vistos, que já se arrastam em processos de 18 meses, como reportado na Colômbia.
Para tanto, uma força-tarefa foi criada especificamente para solucionar problemas desta natureza, além de trazer tranquilidade e desmistificar certas informações desencontradas sobre a atuação do governo norte-americano em relação às competições.
"Eles (a força-tarefa) reconhecem a importância deste evento (a Copa do Mundo de 2026): o sucesso é a única opção. Portanto, estamos ansiosos para trabalhar para fazer o que for preciso para garantir que possamos receber os milhões de visitantes adicionais que acreditamos ser possíveis", disse Geoff Freeman, presidente da U.S. Travel Association (Associação de viagens dos EUA). "Mas precisamos resolver essas questões subjacentes de visto e alfândega", acrescentou.
A utilização de inteligência artificial no processo não está descartada, como chegou a apontar o secretário de estado Marco Rubio, em audiência no Comitê de Relações Exteriores da Câmara no último mês.

"Nós queremos que seja um sucesso. É uma prioridade para o presidente Trump", declarou Rubio na ocasião.
No Brasil, apesar da grande procura por vistos para os Estados Unidos, a solicitação tem sido conduzida de maneira mais eficiente, com todo o processo podendo durar cerca de 40 dias.
_______________________________________________
Patrocinado:
Copa do Mundo de Clubes da FIFA - Todos os jogo de graça, exclusivamente no DAZN
_______________________________________________
Entre temores
O grande ponto é que o clima de incerteza vem causando reflexos no interesse em relação à Copa do Mundo de Clubes, o primeiro dos grandes eventos programados pela FIFA nos próximos verões americanos.
Gianni Infantino, presidente da FIFA, tem sido uma presença próxima a Trump desde 2018. O chefe de Estado vem afirmando que os Estados Unidos estão prontos para sediar uma Copa do Mundo bem-sucedida, apesar de uma recente restrição de viagens envolvendo 12 países.

O decreto não proíbe torcedores, atletas e membros da comissão técnica — incluindo técnicos, pessoal de apoio essencial e parentes próximos — de viajar para assistir à Copa do Mundo, às Olimpíadas ou outros grandes eventos esportivos. No entanto, os protestos contra a política de imigração, particularmente na Costa Oeste e em Los Angeles, se intensificaram, levando ao envio da Guarda Nacional para controlar as manifestações.
A Associação de Viagens dos EUA (U.S. Travel Association), uma organização sem fins lucrativos que representa o setor de viagens, instou o governo Trump a melhorar aspectos como o processamento de vistos e os tempos de espera na alfândega antes de uma série de grandes eventos esportivos em solo americano, incluindo a Copa do Mundo de Clubes.
Um recente relatório do Escritório Nacional de Viagens e Turismo (NHT, na sigla inglês) apontou que o número de visitantes estrangeiros nos EUA caiu 9,7% em março em comparação com o mesmo mês do ano ado. Já a Tourism Economics previu que as chegadas internacionais cairiam 9,4% este ano.

Os imigrantes, especialmente os latinos, conhecidos por sua paixão pelo futebol, estão receosos quanto às viagens interestaduais para acompanhar os jogos da Copa do Mundo de Clubes. Ouvido pelo Flashscore, Gabriel de Abreu, personal trainer de 20 anos, residente em Nova Jersey e torcedor do Flamengo, recentemente desistiu de uma viagem à Flórida para acompanhar uma partida do clube rubro-negro.
"Com essa situação, achei melhor não me deslocar até lá e focar mais nos jogos mais próximos, especialmente na Filadélfia", destaca o flamenguista, que já possui um processo avançado de solicitação de permanência no país.
A questão levantada por alguns imigrantes é a atuação recente do ICE, o departamento de Imigração e Fiscalização Aduaneira dos Estados Unidos. Existe um certo temor de que intervenções mais consistentes da agência ocorram durante os torneios da FIFA, mesmo que isso sequer tenha sido aventado pelo governo norte-americano.

No último fim de semana, em um jogo do Los Angeles FC, clube que enfrentará o Flamengo na Copa do Mundo de Clubes, torcedores fizeram protestos contra o ICE. A partida em questão foi a vitória sobre o Sporting Kansas City por 3 a 1, pela MLS, a última antes da estreia do time no torneio da FIFA.
O atacante Jeremy Ebobisse, da equipe de Los Angeles, disse após a partida que apoia totalmente o protesto dos torcedores, chamando as cenas vistas na cidade — e que têm sido amplamente replicadas na mídia internacional — de partir o coração.
"Moro no centro da cidade e tenho visto e ouvido tudo o que está acontecendo. É realmente de partir o coração o que estamos presenciando em nossas ruas", declarou o atacante, em relação aos incidentes recentes em Los Angeles.
Baixa procura
Os cenários apresentados justificam também a dificuldade que a FIFA vem tendo para fazer emplacar a Copa do Mundo de Clubes, com o problema dos ingressos sendo amplamente divulgado. De fato, a queda dos valores é vertiginosa. Para os torcedores brasileiros, em especial do Botafogo, uma grande quantidade de entradas para a partida contra o Paris Saint-Germain, no Rose Bowl, em 19 de junho, estava disponível por US$ 33,45 (pouco mais de R$ 185, na cotação atual).
Além disso, há realmente pouca mobilização nas cidades-sede de que realmente vai acontecer ali um torneio da relevância de um Mundial. Na região de Nova York/Nova Jersey, o Flashscore verificou a presença de alguns outdoors eletrônicos com chamadas para o evento, especialmente a oferta de ingressos, como para o duelo entre Fluminense e Borussia Dortmund, marcado para o dia 17 de junho, no MetLife Stadium.
Mas, em outros locais, com Seattle, cidade onde o Botafogo enfrentará o Sounders, clube local, o movimento em torno do certame é praticamente inexistente.

Hans Hobson, diretor executivo da Associação Estadual de Futebol do Tennessee, tem uma explicação para este desinteresse. Segundo ele, diferentemente de uma Copa do Mundo, onde há a questão nacional e também a presença dos melhores atletas e seleções, o Mundial não apresenta necessariamente clubes de ligas que são conhecidas dos torcedores dos Estados Unidos.
"Não são ligas que eles assistem. Se fosse a Premier League, a Bundesliga ou algo assim, eles diriam: 'Ah, eu conheço os jogadores de lá. Vamos dar uma olhada'", declarou Hobson, em entrevista ao canal norte-americano ABC.
Nashville, no Tennessee, receberá uma partida entre Los Angeles FC e Espérance, da Tunísia, no dia 20, com ingressos a partir de US$ 25.
Olhando adiante
Este cenário de insegurança não é novo para a FIFA, mas a entidade confia que, a partir do momento que a bola rolar, o entusiasmo e o interesse vão crescer, como já aconteceu em diversas outras ocasiões. No Brasil, em 2013, antes e durante a Copa das Confederações, violentos protestos insurgiram, mas o torneio preparatório para o Mundial do ano seguinte foi um chamariz consistente para àquela que chegou a ser considerada como a maior de todas as Copas.
Obviamente, o Brasil tem uma tradição futebolística que oblitera o interesse norte-americano no futebol da bola redonda, mas o país norte-americano tem uma reputação a ser zelada no que tange à experiência esportiva, com suas milionárias ligas sendo um exemplo de sucesso por todo planeta.
Quaisquer problemas de visto e segurança que a FIFA enfrente durante a Copa do Mundo de Clubes podem ajudar os organizadores a refinar seus planos para o Mundial do próximo ano.
